25 de Abril Sempre

"Esta é a madrugada que eu esperava


O dia inicial inteiro e limpo


Onde emergimos da noite e do silêncio


E livres habitamos a substância do tempo"


Sophia de Mello Breyner Andresen


A POESIA ESTÁ NA RUA, palavras de Sophia em 24 de Abril de 1974, as quais originaram este quadro de Vieria da Silva.
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Riso

O meu sentido de humor andava fraquinho, fraquinho... Hoje voltei a fazer rir. Que bom que é!
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Como se costuma dizer:
"Rir é o melhor remédio." (Provérbio popular)
“O riso é como a aspirina, mas duas vezes mais rápido.” Groucho Marx
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Factos:
O que acontece ao nosso corpo quando rimos?
Coração O ritmo cardíaco acelera, aumentando o volume de sangue a circular pelo organismo. Os tecidos ficam mais oxigenados.
Vasos sanguíneos Com o maior bombardeamento de sangue promovido pelo coração, os vasos sanguíneos dilatam-se, originando uma redução da pressão arterial.
Pulmões A inalação de ar é mais profunda e a expiração mais forte. O excesso de dióxido de carbono é eliminado, promovendo a limpeza do órgão.
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Benefícios do riso a nível físico:
Reforça o sistema imunitário;
Melhora o sistema respiratório e cardiovascular;
Fortalece os músculos, principalmente os abdominais;
Alivia a dor (devido à acção de libertação de endorfinas);
Assegura um bom sono e reduz o ressonar.
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Benefícios do riso a nível psíquico:
Aumenta o bem-estar (devido à acção de libertação de endorfinas);
Combate a inibição e aumenta a auto-estima;
Funciona como antídoto para o stress, a depressão, a ansiedade e outros distúrbios do foro psíquico.

RAP e AL

"[...] Certo dia, quando trabalhava no JL, fui incumbido de entrevistar uma escritora chamada Adília Lopes. A primeira pergunta que lhe fiz foi sobre um poema seu de que eu gostava e gosto muitíssimo. Chama-se Autobiografia sumária e só tem três versos: "Os meus gatos / gostam de brincar / com as minhas baratas." O meu objectivo era impressionar a autora com a minha excelente interpretação do poema. Disse-lhe que aqueles versos eram também o resumo da minha vida. Os meus gatos, isto é, aquilo que em mim é felino, arguto, crítico ("Não é por acaso", disse eu, "que Fialho de Almeida reuniu os seus textos críticos num volume chamado Os Gatos"), aquilo que em mim é perspicaz - e até cruel - gosta de brincar com as minhas baratas, ou seja, com aquilo que em mim é repugnante, negro, rasteiro, vil. E aquela operação poética - que é, igualmente, uma operação humorística - de escarnecer de si próprio era-me tão familiar que podia descrever-me de forma tão competente como à autora do poema.
Os olhos de Adília Lopes humedeceram-se. Fosse qual fosse a noite solitária em que escreveu o poema, estava longe de imaginar que, tanto tempo depois, a sua alma gémea se apresentasse à sua frente, compreendendo-a tão profundamente. Foi então que Adília Lopes falou. Disse o seguinte: "Pois. Bom, comigo, o que se passa é que eu tenho gatos. E tenho também baratas, na cozinha. E os gatos gostam de ir lá brincar com elas." E depois exemplificou, com as mãos, o gesto que os gatos faziam com as patinhas.
Foi naquele dia, amigo leitor, que eu deixei de me armar em esperto. Tinha citado Fialho de Almeida, tinha usado a expressão "operação poética", e tinha-me visto a mim onde só havia gatos e baratas. Os olhos de Adília Lopes estavam húmidos, provavelmente, do esforço que a sua proprietária fazia para não rir. Não eram só os sacanas dos gatos que escarneciam de mim: a Adília Lopes também. E, desde esse dia, tenho constatado que o mundo inteiro, em geral, me mofa (quem aprecia a frase bem torneada fará bem em registar, num caderninho próprio, a elegante construção "me mofa"). [...]"
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Texto simplesmente delicioso do RAP.
Das melhores aulas que tive na FLUC, Osvaldo Silvestre a leccionar AL.

Amendoeiras

São especialmente lindas quando estão em flor.
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Dão um fruto delicioso que pode ser usado de inúmeras maneiras, destaco o bife com molho de amêndoa (huuuum), a enorme variedade possível de doces (huuuuuum) e o licor (huuuuum).
Também fazem um óleo corporal irresistível...
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Mas só vos digo, por experiência própria, dão um trabalhão a apanhar.
Primeiro estendem-se as redes, depois vareja-se, depois ensaca-se. Quando está tudo apanhado, é preciso despejar os sacos e separar a amêndoa de todas as impurezas (tronquitos, folhas, cascas exteriores). Terminado esse passo, chegou a altura de levar a amêndoa à trituradora, onde se vai enfim separar a casca dura do miolo.
Depois vai o miolo ser sujeito aos mais variados processos, consoante o fim que cada um lhe quer dar, o mais fácil é comê-lo logo assim, lol.
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Para quem não sabe, ou para quem quer recordar, aqui fica a lenda etiológica das amendoeiras em flor:
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Lenda das Amendoeiras - Algarve
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Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.
Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.
Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.
O rei consegui, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.
O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.
O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:
- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!
Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.
- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!
A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.