Mais do mesmo

Todos os dias mais do mesmo… falo, como é óbvio, das histórias dramáticas de pessoas apanhadas no desemprego e empurradas para a pobreza.

Há pouco, ao ver mais uma dessas reportagens, voltei a lembrar-me de um livro que me marcou profundamente, “Romance de Cordélia” da Rosa Lobato de Faria.

Desengane-se quem acha que esta é uma escritora light e para mulheres.
Este é um romance extremamente fácil de ler e, ao mesmo tempo, com uma densidade impressionante.

Dei comigo a gargalhar desalmadamente com as passagens que parodiavam os romances de cordel.
Lembro-me da sensação de frustração que se foi apoderando de mim à medida que o caminho da Cordélia se delineava. Porquê? Pensava. Porque é que ela é assim?
A esperança sempre latente numa reviravolta, afinal desejamos sempre um happy end, ao estilo do romance de cordel ou de qualquer novela mexicana (ou portuguesa) onde os bons são recompensados e os maus castigados…

É uma história extremamente humana, algo kafkiana, que relata o quão fácil pode ser cair, seja pelas circunstâncias da vida, seja pelos caminhos escolhidos, seja por acção do destino.

Considero que é uma leitura interessante, nestes tempos conturbados.

1 comment:

Ianita said...

Desejamos para a personagem o que desejamos para nós... o happy end.

Eu fui uma dessas... dessas que queriam que ela desse a volta por cima... dessas que esperavam que ela encontrasse uma réstia mais de força dentro dela e que desse a volta por cima...

O que se passa por aí, país fora, é dramático... e na 2ªfeira o sr ministro da Segurança Social dizia em entrevista ao Mário Crespo que para um desempregado não existe a taxa de 7%, que n se está 7% desempregado, ou se está ou não se está. Uma pessoa é importante e para uma pessoa a taxa vai dos 0% aos 100%... impressionou-me a forma como ele chamou o jornalista à realidade. 7% não significa nada. O importante são as pessoas e os seus dramas e a sua vida. E se pudermos ajudar uma pessoa..... estamos a fazer a diferença.

desculpa.

Beijo